Dia 15 - 22 de Agosto e compromissos

Há dois anos atrás


Assim que me comprometo com uma coisa, algo muda, e lá se vai o compromisso.
Era suposto ter escrito 20 textos até à data do aniversário ou o mais tardar da morte do Tomé e no entanto cheguei só até ao dia 14 e depois disso um silêncio de 22 dias exactos. E reparo agora que estamos a 22 de Agosto, um mês exacto depois do aniversário. Datas, números enfim. Podem significar tudo ou nada. Fico curiosa sobre em que dia e sobre quê será o texto 20.

Não me sinto culpada por aí além. Não sei porque foi assim, mas não me faria sentido escrever sem ser algo que viesse de dentro. E a verdade é que nestes dias não veio. Curiosamente tenho tido, por causa das férias imenso tempo para pensar e sentir o Tomé e a minha relação em transformação com ele. Tem havido mais angústia do que paz, mas está bem, este é um processo em que já aceitei que algumas coisas são escolha minha e outras não... é aceitar ou reprimir, mas elas brotam de alguma lado por si próprias.

Tenho saudade de fazer mais memórias como o Tomé, como aquela que foi feita há dois anos no Vale do Silêncio. Essa é uma das coisas essenciais para poder respirar, fazer memórias com o Tomé, na sua ausência/presença. Nestes dias senti necessidade de escutar mais do que de falar, de sentir mais do que exprimir. Foi bom assim, mesmo às vezes sendo dificil. Agora começa a formigar este desejo de voltar a escrever e voltar a fazer. Mas ainda muito mansinho. 

Tenho vontade de uma data para celebrar o Tomé, já sei que não pode ser nem nos anos, nem na data da morte porque são no verão. Terá que ser então outra altura. Vai surgir.
Hoje é o aniversário do filho de outro filho que morreu, não vou referir a mãe porque não lhe pedi licença, mas o filho é o Sérgio. Este filhos fazem-nos ir onde não iriamos se tivessem viajado para mais perto. 

Há dois anos tive um sonho, era mais complexo que isto mas no fim acabava comigo a gritar com o diabo para me devolver o Tomé. Um buraco grande no chão e eu a gritar com uma voz assustadora para ele, sem medo nenhum. Para mim é um sonho simbólico, e deixou-me reconfortada, fez-me pensar que pelo Tomé ou por qualquer outro filho enfrentaria qualquer coisa, que não teria medo de nada. Lembrei-me disto agora. 

Claro que às vezes é mais fácil enfrentar os demónios externos que os internos... e esses são os que quero enfrentar agora. 

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