Fisioterapia para a alma
Ao começar a mexer com tudo isto, as coisas estão mesmo a mudar dentro de mim. Se fosse um conto de fadas eu estaria a começar a acordar de um longo sono. A começar a mexer-me, mas ao contrário do conto de fadas, não acordo linda e penteada, mas bastante desgredenhada e com dores nas articulações... Afinal já não tenho a idade da Bela Adormecida...
A imagem que me vem é que preciso de fisioterapia para a alma, que está ferrugenta e gelada. Os meus sentimentos estão a descongelar. Dói um bocado, mas é melhor do que não sentir nada.
Ontem vi uma parte das entrevistas. Já não as acho tão horríveis. Suponho que associá-las ao que se passou as tenha deixado amargas. Mas agora já as consigo ver pelo que são. E são lindas.
Esse valor a realizadora tem. Soube criar um clima de confiança onde as pessoas falaram do coração.
Não é fácil mas é bom. E as mesmo tempo avassalador. Tem que ser em doses pequenas. Há tanta coisa linda nestas partilhas. São tão autênticas e poderosas.
E estou feliz por terem sido feitas, valeu a pena tudo o resto. Valeu a pena também lutar para as recuperar.
Tenho esta parte do meu coração que dói e chora, mas também ri e agradece. E tenta compreender o que é esta coisa da vida e da morte e de não controlarmos nada.
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