As feridas da alma


"deixo de sentir para deixar de sofrer tenho em mim todas as dores do mundo que me fazem querer ser uma pessoa melhor mas a cada dia que passa ha uma dor maior que me cai sobre os ombros e me deita ao xao"

Talvez porque estou triste é tão fácil ver a tristeza do mundo. A tristeza justa, o sofrimento justo pelas injustiças de todos os dias. As pequenas e as grandes. A exposição exagerada aos sofrimentos do mundo a que somos sujeitos, têm a intenção de nos paralizar e fazer-nos esquecer que temos poder para mudar tudo, as notícias bombardeiam-nos com medo e escondem-nos as pessoas que são essa mudança. A reacção natural é a fantasia da impotência, por um lado paramos de sentir, por outro procuramos "anestésicos" para essa dor, que nos fazem parar de sentir mas também nos deixam indiferentes e domesticados, impotentes.

Estamos todos ligados, estamos todos ligados ao planeta e ao universo, esquecer isso é perder a alma. Essa perda da alma explica o que deixamos acontecer á nossa volta, a nós próprios e sobretudo o que deixamos acontecer às nossas crianças. Entregamo-las a um sistema que não funciona e pedimos-lhes para se adaptarem. Ensinamos-lhes que não há magia no mundo e que não podem ser "tão sensíveis" programamo-los para vencer, mas vencer quem e o quê? A eles próprios. São eles próprios que são derrotados no fim. Porque para vencer, se perdem de si próprios e perdem os laços com a tribo. E odeiam-se por isso, e quem se odeia toma decisões que destroiem a vida de outros seres vivos sem sentir dor.

Passámos todos por muito, como individuos, como familias, como sociedade, estamos todos emocionalmente feridos, e essas feridas não curadas, escondidas, são como uma doença contagiosa que está a destruir o mundo. Repará-las é a maior emergência que conheço. Em vez de criticar e apontar as feridas dos outros, todos temos que nos tornar capazes de reconhecer essas feridas e apoiar o processo da sua cura
E sobretudo de parar as violências que exercemos contra nós próprios.

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