Esticar as asas


Depois do texto de ontem, hoje sinto-me muito melhor, escrever faz-me imenso bem, é um processo de cura, acho que sem este blogue já tinha dado em maluca e os que vivem à minha volta também. Então muito grata aos que lêem, porque sentir-me lida/ouvida e até talvez compreendida é uma parte essencial deste processo. Quero que saibam claramente o quanto contam na minha vida, até podia escrever e guardar, mas não era de todo a mesma coisa.

Hoje sem saber como este texto de 2012 veio-me ter às mãos, e assentou como uma luva.

"Ando há que tempos para escrever sobre isto mas só hoje consigo o tempo... (querido Natal) Algumas pessoas próximas perguntam-me porque é que me exponho tanto no facebook. Primeiro porque me sinto melhor quando o faço. Depois porque estou farta de esconder o que é meu e usar as palavras dos outros e acredito mesmo que não há nada para esconder mas tudo para descobrir. Estou num caminho de descoberta e de curiosidade a deixar cada vez mais ir o medo do ridículo e de ser "errada". Por isso partilhar públicamente ajuda-me mesmo. É como mergulhar no mar em água fria, depois de estarmos lá dentro já está. "Só não tem nada a temer quem não tem nada a esconder". Também porque quero mesmo assumir que por ser "terapeuta" não sou perfeita, "resolvida" nem tenho superioridade moral alguma...sou só uma pessoas que escolher especializar-se numa coisa, porque é onde tem o espinho que a magoa. Por último e também em primeiro lugar porque quero encontrar os meus pares.... aqueles em quem a minha verdade também ressoa. Se me esconder e mascarar como nos vamos encontrar uns aos outros? Tem funcionado muito bem 
smile emoticon Cada vez mais o sentimento de estar a encontrar "os meus" (sem posse nem exclusão) se torna mais forte e reconfortante. <3"

Não sou assim muito inocente... sei que há pessoas que compreendem e aprovam o que escrevo e outras que não compreendem e nem sequer aprovam. É normal, mas assusta-me, às vezes as pessoas que vêem ou sentem as coisas de outras maneiras tentam passar a ideia de que a delas e melhor do que a minha e isso doi-me, assustava-me sempre tanto que tivessem razão. Por isso ao longo da vida sempre tentei ser comedida, politicamente correta, para não correr o risco de ser criticada, ou sobretudo e mais grave, ser mal interpretada. Últimamente tenho sentido que me limita, me faz ficar pequenina, se não estico as asas não consigo voar. Ontem dei-me conta que as criticas negativas e os julgamentos ao lado já não me afetam como me afetavam, foi bom, fiquei orgulhosa e senti-me crescida... foi uma coisa pequenina mas grande para mim, porque não sabia que era capaz.
Talvez que ao partir o Tomé tenha levado consigo a última possibilidade que eu tinha de me esconder e ser cobarde, gosto de imaginar que esteja algures a rir à gargalhada dessa partida.


"Cada ser ao mudar as suas atitudes muda também as dos que o rodeiam e com ele interagem, aqui está uma das chaves para estar em concordância e paz com o que nos rodeia, nada é permanente, tudo muda, só há que perceber que podemos escolher o que muda em nós, é uma questão de força interior e de consciência de nós próprios como seres não pefeitos e fácilmente mal interpretados.  " Tomé

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