Catarina - Memórias e outras histórias



Texto da Catarina no Livro do Tomé:

Não sei bem se é correto dizer que nunca conheci o Tomé. Li sobre ele, vi fotografias dele e li palavras escritas por ele. Por isso acho que, de certa forma, o conheci. O Tomé para mim não é só o Tomé mas tudo aquilo que ele representa. 

Identificar-me com os seus textos e o seu modo de pensar, aliado ao reconhecimento da brutal efemeridade do tempo, fez-me recuperar um pouco de mim. Esse pouco vai adormecendo lentamente, alguns dizem que é assim mesmo a vida, mas será?
Muitos dizem que à medida que amadurecemos, devemos perder naturalmente a vontade de mudar o mundo. Será? São os lunáticos que se dão sequer ao trabalho de agir ou de se questionar. São eles que falam das energias e do sentido da vida, dos traumas e das emoções, que não servem para nada. Será que é assim mesmo?O Tomé é sempre este ponto de interrogação depois de frases feitas.
Eu ainda não mudei o mundo e sei que não vou conseguir mudá-lo todo. Mas talvez a chave passe por permitir ao maior número de pessoas pensarem deste modo. Confesso que às vezes custa-me fazê-lo, prefiro a zona de conforto, prefiro viver no meu egoismo. Depois penso no Tomé e em todas aquelas frases com um ponto de interrogação, que me servem sempre de wake up call. 
E de repente o mundo parece mais fácil de se viver e de se mudar. É um exercicio que tenho feito, com o tempo o wake up call está cada vez mais presente.


A morte dói muito. Mas olharmos mais de perto e qual não será o orgulho da mãe ao perceber que a morte criou tanto, tão mais do que se esperaria, e que deu tanta inspiração, abalou cabeças, aproximou pessoas.Então distancio-me, obrigo-me por um momento a colocar as minhas duras emoções de parte e posso, com um nó na garganta mas com um sorriso nos lábios, contemplar tudo o que foi (e tudo o que é) e concluir como é bonito.



Catarina Maia

Comentários

Mensagens populares