Parabéns a nós!

Ontem foi o aniversário do Tomé. O aniversário do seu nascimento. 
Adorei quando a Mariana me ligou à meia noite para me dar os parabéns! Chorei e ri ao mesmo tempo. Adorei quando a Joana me enviou uma mensagem de parabéns atrasados. 
As pessoas continuam a fazer anos mesmo depois de morrerem.
E continuamos a poder celebrá-los, só que agora quem recebe os parabéns é quem teve o previlégio de conhecer quem já morreu. "Parabéns por sermos a mãe/pai/irmão/irmã/amigo do Tomé!" Porque assim como não deixo de ser filha do meu pai e neta da minha avó que já morreram, também não deixamos de ser mãe, nem pai, nem irmão nem deixamos de ser nada de ninguém só porque essa pessoa morreu. Parabéns por o termos partilhado a forma fisica com ele, por termos podido abraçá-lo, estrafegá-lo, fazer-lhe cócegas e todas as outras coisas que exigem um corpo.
Ontem juntámos-nos na praia. Os meus amigos organizaram-nos uma festa surpresa. Sem planear fomos 19 pessoas a celebrar os 19 anos do nascimento do Tomé. Havia gente de todas as idades, houve risos, desenhos, choros, comida, conversa. Desenhámos o nome do Tomé com balões... embora o E tenha ficado ilegível. Não faz mal.

Volto a pedir as palavras à Elizabet Pedrosa, escolhi este texto para ler ontem. 

"Quando o sofrimento e a confusão eram mais intensos, fechei os olhos e compreendi que já não precisava de te procurar.
E sobretudo que não fazia falta procurar-te fora.
Dei-me conta que agora te tenho dentro.
Se fecho os olhos e respiro, tenho-te dentro, sinto a tua respiração, a força, a alegria.
Não é um conceito mental.
É um sentimento.
Só tenho que fechar os olhos e respirar fundo. Vejo-te e sinto-te sem corpo.
Já não necessito de fotos"

Muito grata a todos!