Bianca - Memórias e outras histórias


Texto da Bianca no 

Não sei bem por onde começar, já escrevi tantos textos de outras pessoas que parece agora difícil escrever um meu. Inicialmente pensei apenas em escrever mesmo só recordações. Neste momento parece que não consigo ficar só por aí. Mas não me faz sentido falar-te do que sinto porque isso tudo tu já conheces. 

Quero agradecer-.te a oportunidade de poder fazer este livro, porque o faço apenas por ti, mas sabe tão tão bem a mim . Vou escrever alguns momentos que me lembro para aqui ficarem gravados.

Muitas vezes quando ia à casa do Areeiro comprava lá perto uns bolinhos, neste dia não foi excepção. Cheguei a casa e estava lá o Tomé. Entretanto eu ia voltar para as aulas e deixei lá os bolinhos, disse ao Tomé que ele podia comer à vontade, ao que ele respondeu que não queria, insisti que tudo bem, mas que se quisesse mais tarde podia comer, ele insistiu que não ia querer e eu insisti e ele insistiu. Fui para as aulas e voltei das aulas e lá  estava o Tomé e o saco de bolinhos, exactamente onde o deixei, mas já sem bolinhos. Disse logo sorridente: afinal querias! E ele voltou a dizer que não, então disse-lhe e ele viu que o saco estava vazio. Começámos logo a achar aquilo muito estranho, será que havia um espírito guloso naquela casa? Pensámos nós. Porque pensando bem, acrescentámos, não era a primeira vez que desaparecia comida naquela casa. Chegámos a convencer-nos disso, até que apareceu na sala, com cara de asneira e orelhas baixas, o Migalha e tudo se tornou claro. O sacana foi minucioso a limpar o saco que parecia intacto no sitio onde foi deixado....

A seguinte história estás careca de a ouvir, mas por isso mesmo tinha de aqui a escrever.
É essa mesma a das pipocas. Eu, tu e o Tomé íamos ver um filme e eu ia fazer um pacote de pipocas, o qual tu não querias que eu fizesse. Mas eu ainda assim quis ir mais longe e fazer dois pacotes. Ao passá-los para a taça percebi logo que aquela quantidade de pipocas não iria passar por apenas um pacote, então, estava à porta da sala, na cozinha, a enfardar pipocas para disfarçar. Depois de me chamares várias vezes, disseste ao Tomé que me fosse buscar e eu disse-lhe logo shiuuu! Fiz dois pacotes de pipocas e estou a comer algumas para disfarçar. Ele fez aquela carinha dele que diz: Biannnncaaaaa... E eu em busca de um aliado disse-lhe que comesse comigo para ser mais rápido. E os dois nos riamos, marotos, na nossa "asneira" que se tornou em mais que asneira, brincadeira.
E com a tua insistência disse que ia só à casa de banho para ganhar mais tempo. E fiquei eu sentada na sanita e o Tomé à minha frente, naquela casa de banho pequena, a enfardar pipocas que não conseguíamos fazê-lo assim tão bem de tanto rir da nossa imagem vista de fora. Fomos ter contigo a rir tanto, tanto que não conseguíamos parar de rir e o resto tu já sabes :p
Eu acho que gosto tanto deste história porque quando a lembro sinto tão bem a nossa cumplicidade e faz-me sempre sorrir e ver o Tomé sorrir.

Cada história nos fica marcada por algum motivo. Provavelmente tivemos 50 momentos idênticos, porque é que este momento em particular nos fica tão forte na memória? Não sei. Isto para introduzir a próxima história, que não tendo nada de especial, por algum motivo me vem mais facilmente à memória do que antes.
Estávamos na Aroeira (já viste que sempre morámos em sitios com A? Arroios, Areeiro, Anjos ou até Alentejo?), estávamos na Aroeira (Av. 24 de Julho, Ameixoeira, Av. da Liberdade) Aroeira. e eu e o Tomé ficámos a dormir no mesmo quarto numa cama de casal e o que eu me diverti a rebolar para o lado dele e a dizer-lhe para me dar espaço na cama, a enrolar-me nos lençóis e a destapá-lo para lhe dizer para partilhar os lençóis. Só parvoíces, mas na verdade só porque eu adorava vê-lo rir. Até mandá-lo da cama abaixo e ele dizia "pára" e ria-se tanto. Nós tínhamos esta coisa de ser uma "besta" um com o outro e chamarmos-nos "sua besta" e riamos imenso e adorávamos. Tenho saudades disso. E de muitas outras coisas. E ainda bem que tenho estas memórias, que são fortes, sensações que me 
azem senti-lo tão bem. Sentir-nos tão bem. 

E outra memória forte e que me faz sentir-nos tão bem é de nós no café do Areeiro a rir imenso uns dos outros, a acharmos tanta piada uns aos outros e a completar as piadas uns dos outros e a ter ainda mais piada. Lembro-me tão bem de ti mãe, quase a chorar e sem respirar. E lembro-me de pensar que éramos a família mas feliz do mundo. E lembrei-me agora mesmo de nós no carro a fazermos-te rir tanto que  parecia que ias às cabeçadas no volante de tanto rir. Realmente o que mais me lembro de nós os quatro é de estarmos sempre a rir, sempre a rir. E este livro faz-me ter ainda mais certezas de que continuaremos a rir com o Tomé.

E faz-me ver também e agradeço tanto ao Tomé quando vejo isto. Que mais que muitas outras coisas.


Continuas a fazer a mãe feliz :)

Agradeço é uma palavra parva. Não me sei expressar bem. É fico grata de sentir que o Tomé que o Tomé foi, que o Tomé que o Tomé é, que o Tomé que este livro é, que o Tomé que é tudo e não é nada. Que qualquer coisa que tu sejas Tomé vais sempre fazer a mãe feliz.



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