O tempo perdido

Há coisas que doem muito, e é difícil escapar-lhes, estranhamente ou não, são as mais simples.
Hà muito tempo que não trabalhava no computador da "oficina" que fica no rés-do-chão da minha casa. Hoje porque o meu está estragado acabei por vir aqui.
E de repente lembrei-me de todas as noites em que vim aqui enviar e-mails, convites para eventos e também esquecer-me do tempo no facebook, entre conversa e respostas a posts em grupos, posts de pessoas que nem conheço e a quem a minha ajuda não mudou a vida de certeza.
E lembrei-me das vezes em que o Tomé me ligou a chamar-me para cima, para estar com ele e eu adiei até que cheguei a casa e ele já estava a dormir.
Tantas vezes que ele me ligou e disse "maaaaeeeee, prometeste que não demoravas", mais dificil do que ele não estar aqui, ainda mais difícil é o medo de eu não ter estado lá o suficiente, o tempo perdido com coisas supérfluas enquanto o essencial ficava adiado.
E agora fica esta dor fisica enorme de todos o tempo perdido, tudo o que não falámos, tudo o que não sabia dele este ano.
Pensava que tinha tempo, eu que sempre pus os meus filhos em primeiro lugar, logo este ano pensava que tinha tempo. E aquele era o tempo e eu não percebi.
Por muito que me digam que eu estava lá, e é verdade, estive muitas vezes, também é verdade que não estive vezes de mais e agora resta-me permitir-me chorar esse tempo perdido por minha escolha.