Manter o coração aberto, mesmo quando dói


Na terça feira saí com uma amiga, encontrámos uma Jam Session maravilhosa no Bus. Conversámos, dançámos, rimos, e senti-me mesmo bem. Nenhuma mancha, leveza de coração, partilhei com ela, porque ainda me sinto sempre espantada com isso. A morte do Tomé não mancha nem impede a minha alegria, em alguns momentos aumenta-a. Quando estou triste, estou triste e quando estou alegre estou alegre. Sabia que o Tomé gostaria de estar ali. Liguei a um amigo dele para combinar irmos lá juntos com mais amigos. É sempre um bom momento para celebrar.

Sinto-me próxima do Tomé quando estou feliz. Sinto que ele estaria orgulhoso de nós, família e amigos por estarmos a "manter o coração aberto, mesmo quando dói", por celebrarmos a passagem dele pela nossa vida. Sinto que é o que mais posso fazer para se ele estiver em algum lado, estar em paz. Amo-o tanto. E como boa mãe galinha ainda não parei de cuidar dele, sinto que nunca vou parar. quero encontrar o que posso fazer por ele e em seu nome. A morte dele pode impedir-me de o abraçar fisicamente, mas posso continuar a dar o meu melhor por ele, e por nós todos como família. Até reforça a minha vontade de fazer o mais possível pela família humana, e também e em primeiro lugar de fazer o mais possível por mim.

Quando falo com o Isac e a Bianca e com os amigos do Tomé confirmo que não sou só eu quem sente esta leveza, esta alegria e esta inspiração para me superar, somos muitos, tantos que não é possível ser fantasia. O Tomé derramou amor, inspiração e coragem sobre todos nós de uma forma ou de outra.

Choro enquanto escrevo isto, não de tristeza, de todo, de gratidão, de amor que transborda, porque o meus sentimentos não cabem dentro de mim e têm que sair por algum lado.  Ontem disse à minha filha que me sentia como se soubesse um segredo sem o saber mesmo, como se algures em mim houvesse algo que não sei conscientemente que me dá força, ela sente o mesmo. Não sei o que é. Já há muito tempo que o irracional é muito bem vindo na minha vida. Costumo dizer que o que parece mais disparatado é normalmente a verdade. A vida está cheia de magia, e a morte também se lhe permitirmos. Acredito que essa é uma das prendas dele para nós, mostrar-nos como permitir a magia em qualquer situação. O Tomé e eu adorávamos o Harry Potter, discutiamos quem lia primeiro (eu ganhava sempre) para quem conhece, a depressão pode até aproximar-se de mim como um Devorador da Morte para levar as minhas boas memórias, e sim, acontece, mas as minhas memórias do Tomé e os meus filhos, são o meu Patronus. :)
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