De um pai



Hoje recebi esta mensagem tão forte de um amigo. Pedi-lhe se podia partilhar e aqui está. Acho que é tão importante abrir um diálogo cada vez maior sobre isto tudo. E são as palavras do coração que podem fazer a diferença. Obrigada amigo :)

"Olá Fatima.

Eu conheci o Tomé fisicamente, mas não o conhecia pessoalmente.
Como a maior parte dos adolescentes-rapazes são para os adultos, o Tomé era um pouco distante, muito diferente de mim. Os rapazes urbanos de 15, 16, 18 anos são assim para os adultos, mesmo adultos “modernos” como eu. Vi-o no num jantar, e uma outra vez em tua casa. Ele não foi de muitas ou nenhumas palavras, um ar distante. Mas porra, eu também nunca fui, passei a vida a querer que me deixassem em paz.
Se ele fosse uma rapariga de 18 anos de longos cabelos loiros que tocasse harpa e tivesse entrado em Medicina, talvez o mundo ficasse mais comovido. Não é que muita gente não tenha ficado comovida, mas talvez tenham ficado mais por ti.

O meu filho é um menino com um relacionamento difícil com o exterior, é por vezes mal educado. Recorre à violência, embora esteja bastante mais tranquilo nesse aspeto ultimamente. Ele entrega-se com tanto entusiasmo que por vezes magoa-se, e sente tão forte as injustiças que magoa os outros.
Por vezes parece ser apenas eu e a mãe os únicos a ver o amor que existe dentro daquele menino. Parece que ele apenas se sente à vontade para o mostrar a nós, aos nossos animais de estimação e à sua pequena irmã.

Por vezes dou por mim a querer que o mundo perceba o meu filho, que lhe tenha compaixão. E por vezes dou por mim a estranhar os filhos dos outros, e a fazer juízos de gatilho.


 



Este teu texto tocou-me, porque é isto que interessa. É o amor, o amar incondicionalmente. É algo tão arquetípico que toca a todos, ainda mais a quem tem crianças que se sentem ou são percecionadas como desajustadas. Depois deste texto vi como o Tomé vive em ti, rodeado de amor, tal como os meus filhos também vivem dentro de mim.
Desalinhados ou não (isso é um problema lá de fora) os nossos filhos terão sempre o garante do nosso amor, teremos é de garantir que é incondicional.

Digo neste momento ao Tomé que conheço o amor que ele dá e que recebe, pois é igual ao amor que eu dou e recebo, e dos meus filhos idem.
Também eu fui um adolescente e novo-adulto desajustado durante muito tempo e sei quanto os meus pais gostariam de me compreender para ajudar, mas os tempos eram outros, a cultura dificultava, mas existia amor, muito escondido, mas havia, e como disseste “ao nível do amor não há culpas.”

De rapaz para rapaz digo ao Tomé que por mim está tudo bem… whatever that means. E que lamento alguma sensação de estranheza da minha parte.

Obrigado "

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