Os aquecedores do coração

Acabei de chegar de passear o cão, está uma lua linda, é lua cheia de Natal, repararam?
Ao contrário do que imaginava sinto uma paz maravilhosa. Sinto-me preenchida e feliz e quero partilhar convosco. Quero partilhar três momento aquecedores do coração.


Hoje à tarde recebi esta foto da Sara. Vinha acompanhada de uma mensagem: 







"Assim do nada no ponto mais alto de Portugal, quase a tocar o céu. Feliz Natal, escrito na parede azul. Acho que alguém te quer desejar Feliz Natal." 

Achei bonito que os filhos da Sara tivessem escrito o nome do Tomé na parede. Só quando olhei a segunda vez percebi que não tinham sido eles. Encontraram escrito quando chegaram ao Hotel no cimo da Serra da Estrela :) Coincidência ou mensagem de algures, não sei, só sei que soube bem. Aqueceu-me o coração.

Outra forma de aquecedor de coração foi uma mensagem que recebi em resposta ao meu pedido de ontem, somos quem somos e também quem os outros conseguem ver. 
Quem não se sente mais forte ou mais fraco consoante o olhar da pessoa com quem está? E depois há pessoas que vêem em nós coisas que nós nem vemos. Soube bem ser vista assim, deu-me a força de que precisava hoje, muito grata Paula. 
És mesmo, tu e o Tomé, uma prova Viva que o amor é mais forte que a dor. Com toda a doçura que encerra. Quanto ao Tome não te sei explicar. Vejo o a falar e nunca o vi a falar, vejo no movimento de sorrir e nunca o vi, sinto-o e vejo-o no meu interior como familiar, com doçura, com uma energia suave das grandes almas que tece, do outro lado, caminho ajudando ainda nesta dimensão. Não que o prendas, nada disso. Não que o retenhas e o impeças de caminhar o caminho das almas, mas
a doçura do amor em movimento, em forma de Tomé. 
(...)E é lindo, inspirador e curadora. A mim já me mudou e continua a transformar. Enriquece-me. Inspira-me. Faz-me acreditar. Este é o meu testemunho querida. A minha prenda de natal.

São muitas pessoas que me falam da forma como o Tomé as tocou. Foi isso que eu previ, é isso que me faz continuar a escrever sobre ele. Não escrevo por generosidade, escrevo, partilho e faço tudo para a luz do Tomé continuar a brilhar porque é a única forma como consigo estar em paz. É uma acção extremamente egoísta, baseada na minha necessidade e continuaria a fazê-lo mesmo sabendo que estava a magoar pessoas, e ao mesmo tempo, talvez porque me sai da alma, ressoa em quem tem que ressoar. 


"Achas q o Tomé pode estar em vários sítios ao mesmo tempo?" "Tenho a certeza que sim."
Hoje decidi passar a noite sozinha em casa, ao meu ritmo, sem stress, comigo. 
Faz muita diferença saber que daqui a pouco vou ter com os meus filhos mais velhos.
Sinto que o mais novo está aqui comigo. 
Comigo e com a Mariana aqui na foto ao lado :) que já o tinha convidado para o Natal antes. ...

Lamento muito, ou não.. mas que se lixe quem diz que perdi o Tomé, temos pena, mas não. Eu sei que para algumas pessoas é chocante não me calar e ir chorar no meu cantinho sem incomodar as outras pessoas, mas mais uma vez, temos pena, mas não. Eu não vou escolher a infelicidade para não chocar essas pessoas. Se calhar o choque só lhes faz bem. Tenho tido medo de parecer que sou louca, que não gosto do Tomé, que sou estranha. 

Depois de muitos meses a lutar comigo própria e a sentir vergonha pela forma como me sinto bem na maioria do tempo, decidi hoje que chega. 
Vou seguir o meu luto da minha forma. Se isso implicar lembrar o Tomé até todos ficarem enjoados, rir a desproposito e sentir-me feliz e preenchida contra todas a previsões na noite de Natal, que seja. Talvez precise de um bocado de raiva para levar isto à frente. Ás vezes é só quando nos zangamos que encontramos a força que nos faltava para enfrentar os nossos medos. 

E o último aquecedor de coração aconteceu ao fim da tarde, numa loja de bairro. Enquanto eu vestia e despia camisolas, entrou uma mulher com dois filhos adolescentes, abraçou a dona da loja, a Elsa e agradeceu "Obrigada por tudo". Quando ela saiu a Elsa começou a chorar, agarrei-lhe a mão.
 "Hoje é um dia muito alegre mas também é triste. A mãe dela morreu há uns meses e divorciou-se pouco depois. Ás vezes olhamos para as pessoas e não fazemos ideia. Tocou-me o agradecimento dela. Falo com muitas pessoas e todas têm coisas que não se vêm por fora, toca a todos."
Temos mais em comum do que pensamos. A Elsa prova que não é preciso tirar um curso especial para abrir o coração aos outros e ajudá-los nos momentos difíceis. Basta ser humano frente a outro humano. Basta sentir com eles.


Comentários

  1. Venho aqui pouco... descobri este blog pela partilha de uma querida amiga também há pouco tempo. É inspirador. Muito. Estou numa fase de um outro tipo de luto - relacional - e sinto algo parecido, em mais pequenino. Muita tristeza sim, mas, acho que por não lhe virar costas e estar a vivê-la com toda a sua intensidade, também com espaço para alegria, doçura...
    Bem hajas mulher inteira, que não te deixas tiranizar por um só leão do teu ser. Temos um universo de sentires dentro e a vida para viver.
    Grata por te partilhares.

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  2. Olá Sandra :) Estou de acordo contigo. Os lutos são muito semelhantes no seu fundo. E é mesmo isso que sinto 'por não lhe virar costas e estar a vivê-la com toda a sua intensidade, também com espaço para alegria, doçura... ' É bom ouvir isso de outra pessoa. Abraços!

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