Tanta coisa já aconteceu, tive tantas vezes vontade de escrever, mas era tanto e tão confuso que parecia impossível escrever um discurso coerente que mais alguém conseguisse compreender. Até porque na maioria das vezes nem eu me compreendo assim muito bem...

Uma das coisas engraçadas é que não consigo dizer morte nem morreu. Queria inventar uma nova palavra que simbolize mais o que eu sinto. Porque para mim ele está vivo. Vivo em mim, nos meus sonhos, nos meus pensamentos, no meu coração. Independentemente de haver ou não alma e de ela sobreviver ou não à morte do corpo, morto parece o fim e para mim isto é um principio. Cada vez que penso ou digo isso, ou aquela frase terrível: "perdi o meu filho" o meu corpo revolta-se e diz-me não é verdade. Sim eu sei que não posso mais abraçá-lo e isso é muito, muito triste, Mas espero vê-lo e ouvi-lo para sempre na minha memória pelo menos...

Tenho chorado muito, umas vezes de tristeza outras de emoção, por sentir tanto amor por ele, pelos meus filhos todos, porque o que sinto não cabe dentro e tem que sair. Muitas vezes pergunto-me porquê e sei que provavelmente nunca vou ter a certeza. Pergunto-me se podia ter feito mais, se era evitável, e encontro sempre uma lista enorme de coisas que não fiz, as vezes em que não estive os momentos em que não ouvi, tudo o que também eu desabafei com ele, mesmo sabendo que não era bom. Que não devia. Mas era tão tentador, o Tomé é tão sensato, tão doce, tão compreensivo, e tão generoso. Ás vezes era ele mesmo que me dizia: "mãe, não me faz bem ouvir isso" e eu calava-me.
Todos os meus filho são claramente mais maduros do que eu, e se calhar deve ser assim, a nova geração aprende e ultrapassa a anterior.

Eu só sei que o corpo dele não está aqui (aliás estão umas cinzas engraçadas que têm andado connosco para muitos lados). E é tudo. O resto vou começar agora a descobrir.


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